terça-feira, 7 de abril de 2009

“A montanha dos sete abutres”, ou como preferir, “O grande carnaval” – título original substituído a poucos dias do lançamento e que me agrada muito mais do que “Ace in the hole” – é um filme norte americano rodado em 1951 pelo talentosíssimo Billy Wilder, um dos cineastas hollywoodianos mais brilhantes de sua época.

“Ace in the hole” é uma gíria que significa “às na manga” e que ironicamente e sem o perdão do trocadilho poderia ser um “às na mina”, uma vez que é dentro dela que o repórter Charles “Chuck” Tatum, interpretado por Kirk Douglas, realiza suas peripécias para conseguir o tão esperado trunfo - oportunidade ideal para tirá-lo da situação degradável, mesmo que isso lhe custasse o abandono dos valores éticos e morais, como a verdade, a justiça, a traição e até mesmo a vida humana.

O enredo do filme de Wilder funciona como um “soco no estômago” da sociedade ao explorar um tema que envolve toda a condição humana e seus princípios e foi inspirado em dois eventos da vida real: um em 1925, envolvendo W. Floyd Collins e uma caverna em Kentucky (rendendo inclusive um Prêmio Pulitzer ao repórter William Burke Miller), e o outro em 1949, envolvedo Kathy Fiscus, de apenas três anos, e um poço abandonado. Em ambos os casos, os resgates duraram dias e as vítimas morreram antes de serem salvas.

Aqui na ficção, a vitima é Leo Minosa, um comerciante local que colecionava relíquias indígenas que ficavam dentro da mina na supersticiosa montanha dos Sete Abutres. Soterrado em uma de suas incursões, o infausto virou produto de noticiabilidade nas mãos do astuto Tatum, que procrastinou seu resgate ao formar um complô com o xerife da cidade, com o empreiteiro e com a falida esposa de Leo. Cada um tinha seu interesse em jogo: fosse político, econômico, social...

Armado todo o circo, o público em clima de comovente festa movido pela curiosidade e pela ascensão mediática começou a chegar para documentar o caso de perto. Em uma das cenas, Tatum sobressaltou que o “público engole tudo” e que “a vida de um (Leo) vale mais do que a de muitos na relação de interesses humanos”. Interesses dos quais, também o prendeu ao jogo de mentiras na busca do status e que o levou a uma viagem sem volta.

Um filme ideal para assistir com a família depois de um noticiário. Uma retratação cruel da caricata e sensacionalista imprensa (norte americana dos anos 50!), que levanta questões tão atuais para reflexão sobre jornalismo, política, hipocrisia e ética.

Documentário nacional sobre avicultura

Foi lançado recentemente o curta-metragem “Atave - a avicultura escancarada“, produzido por Guilherme Carvalho, ativista de Recife-PE. O filme mostra a realidade da produção da carne e dos ovos de galinha com imagens inéditas de estabelecimentos de Pernambuco, capturadas entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2009.