sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Construção da nova sede da Câmara do Distrito Federal vai custar 323% a mais


A nova sede da Câmara Distrital de Brasília, que tem pelo menos 9 dos 24 deputados envolvidos no escândalo do mensalão do DEM, teve o custo da obra aumentado em 323%. Quando o edital foi lançado, em 2001, a previsão era que a construção custasse R$ 23,6 milhões. No próximo mês de fevereiro - para quando está prevista a inauguração - o orçamento final deve chegar a R$ 100 milhões, conforme os últimos cálculos feitos pela Secretaria de Obras do governo do Distrito Federal.

A explicação para o estouro do orçamento é que o projeto inicial previa uma obra acanhada, sem garagem. Depois, de revisão em revisão, o novo prédio ganhou um heliponto, mais um auditório, um estacionamento para cerca de 1 mil veículos e 30 gabinetes para os deputados - eles são 24, mas presume-se que, com o aumento da população, possam chegar a 30 nas próximas eleições.

A nova sede do legislativo do DF virou um prédio de alto luxo, com 48.670 metros quadrados de construção, quatro pavimentos, piso de granito e paredes de vidro, no Eixo Monumental, a avenida que, dois quilômetros a leste, rumo ao Congresso e ao Palácio do Planalto, se transforma na Esplanada dos Ministérios.

Hoje, quem passa pela avenida pode ler três placas patrocinadas pelos futuros inquilinos e que soam como escárnio. "Aqui roubaremos seu dinheiro (ops!)... Aqui decidimos nosso futuro; Cidadania e dignidade como meta para toda a população; A casa do povo, a sua casa", dizem os outdoors que contrastam com o escândalo do mensalão do DEM. O governo de José Roberto Arruda está sob investigação da Operação Caixa de Pandora por ter patrocinado cobrança e distribuição de propinas envolvendo deputados e secretários e distribuição do dinheiro em meias, bolsas e cuecas.

Por causa das alegadas deficiências do projeto original e suspeita de superfaturamento levantadas pelo Tribunal de Contas da capital e pelo Ministério Público, as obras da Câmara ficaram paradas de 2004 a 2008. Um acordo entre o governador Arruda, Câmara Legislativa, MP e Tribunal de Contas possibilitou o recomeço das obras, a cargo da Via Engenharia.

A construtora teria doado R$ 300 mil para a campanha de Arruda, conforme planilha do ex-secretário de Obras Márcio Machado, divulgada na sexta-feira pelo Estado. No dia seguinte à exposição da planilha o secretário pediu demissão. A Via Engenharia recusou-se a fazer comentários sobre a obra e, por meio da assessoria, informou que só a Secretaria de Obras poderia se manifestar. A secretaria disse que a obra já consumiu R$ 95 milhões, devendo chegar a R$ 100 com os acabamentos. No momento, os operários dão os retoques finais na obra, lavam os vidros em cor azul-fumê, terminam as calçadas e plantam o gramado.

Quando o governador José Roberto Arruda fez o acordo para a retomada das obras da Câmara Distrital, ficou acertado que em 2008 e 2009 cada um dos 24 deputados abriria mão de emendas parlamentares de R$ 1 milhão, em cada ano, para que fosse conseguida a verba suficiente para a obra. Assim, a própria Câmara contribuiu com R$ 48 milhões das verba para a construção da nova sede. O governo entrou com o restante, totalizando R$ 54 milhões a verba para o novo prédio neste ano. Antes de ser pego enfiando dinheiro nas meias - conforme gravação em vídeo feita pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa -, o hoje presidente licenciado da Câmara, deputado Leonardo Prudente (DEM) tinha grandes planos para a nova sede do legislativo da capital. Queria que ela tivesse espaço suficiente para guardar os veículos dos visitantes e abrigá-los em grandes salões, de onde poderiam, na visão do parlamentar, fazer suas reivindicações.

A Câmara Legislativa de Brasília repete o que ocorre na Praça dos Três Poderes, que fica um pouco mais de dois quilômetros de distância, e abriga as sedes dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. Nas proximidades da Câmara estão o Palácio do Buriti, a sede do governo de Brasília, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Da Agência Estado, por João Domingos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Yes, we have mensalão

Da edição deste sábado da Folha de S. Paulo:



Relatório da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora traz uma gravação na qual o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) pede a um assessor que repasse a políticos aliados dinheiro de empresas contratadas pelo governo.



Contra esse suposto esquema, a PF deflagrou ontem a operação, cumprindo 16 mandados de busca e apreensão em Goiânia, Belo Horizonte e Brasília. Na capital federal foram feitas buscas nas casas e em gabinetes de secretários do governo e de deputados distritais, além de um anexo na casa oficial de Arruda. Mais de R$ 700 mil foram apreendidos, além de dólares e euros.



José Roberto Arruda, para os desinformados, é aquele cidadão probo que, em 2001, negou veementemente qualquer envolvimento no episódio da violação do painel do Senado, para dias depois admitir sua participação e renunciar, salvando-se da cassação do mandato. Nessa época, proferiu um dos discursos mais emocionantes da história do Senado Federal, revelador de muitos de seus princípios políticos.



“Permitam-me [tomar mais cinco minutos], com o meu sofrimento, com as vísceras da minha emoção expostas à execração pública. Eu que não tenho bens pessoais, não tenho fortuna. Mas tenho a honra. E tenho filhos, que têm o meu nome, os naturais e os que adotei. E a esta honra, eu serei fiel, enquanto viver.” José Roberto Arruda, 18 de abril de 2001




Depois da cueca e da bíblia, agora foi a vez de levar dinheiro na meia...

Fonte: http://dorescapitais.wordpress.com